sábado, 10 de janeiro de 2009

A falhada mas abençoada ópera urbana


O poeta é contemporâneo, é nome da moda e canta a moda entre rimas, mesmo que estas sejam inspiradas por momentos que já lá vão. Fala francês, inglês e um português que por vezes faz dançar só pelo sotaque tropical. Tudo isto JP Simões nos apresentou, como fez já tantas vezes. Mas na noite de sexta-feira sozinho, aqui e ali com Sérgio Costa (ouçamo-lo, sempre, e que a próxima vez seja num futuro breve), amigo de composição e interpretação nos Belle Chase Hotel, na Ópera do Falhado e no Quinteto Tati. Ou seja, em tudo o que por ali escutou. Ali no Music Box, caverna urbana com frequência indie chique garantida que o recebeu mas nem sempre o honrou. O "que bom que é estar aqui para te ver" cedo se transformou num ponto de encontro para quem, apesar de bilhete comprado, não quis mais do que ouvir os refrões menos melancólicos.

Entre o passar de copos do bar para toda a parte, alguém jurava que JP era "o maior", claro está. Mas o próprio vestia a ironia como o melhor fato para o domingo mais solarengo. "Está muito barulho para pensar", dizia, antes de nova viagem pelos caminhos da bossa nova da qual é há muito enamorado. Ou seria aquele mais um momento de prazer swingado? Tudo se mistura na pele daquele Simões de apelido, dançarino por obrigação, que a timidez de estar sozinho lhe é natural. A expressão, quase sempre escondida pelo buliço impossível de controlar, era o foco para escutarmos a noite que anunciava temas nov0s. Escutaram-se acordes mas sem tempo para as devidas apresentações entre quem toca e os que escutam. Aplaudimos e esperámos por novo encontro entre o operático JP Simões que viu a sua noite falhar mas, ainda assim, nos abençoou.


JP Simões edita no final deste mês 'Boato', disco gravado ao vivo no Teatro São Luiz, a 7 e 8 de Novembro último. O álbum conta com 12 temas inéditos e uma viagem pelo percurso traçado pelo músico até aqui.

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