sábado, 7 de fevereiro de 2009

Antony & The Johnsons - 'The Crying Light'



Numa recente entrevista a um jornal nacional, Bernardo Sassetti reforçava a importância da atenção que é dada (ou não) à música que se ouve. Ou seja, que tempo e espaço é dedicado à obra de um músico ou de um conjunto de artistas quando se esquece, por vezes, o valor do silêncio nas dinâmicas harmónicas e melódicas. O deixar a filigrana para segundo plano e aumentar o volume até ao máximo. Arrisquemos dizer que Sassetti é um dos que vai escutando os contos cantados por Antony Hegarty. E ainda que não o seja, tomemos as suas palavras como exemplo para nos referirmos a The Crying Light, novo capítulo na afirmação de Antony, com os seus Johnsons. Depois da revelação e da confirmação, e o encontro derradeiro com uma personalidade adulta.

Mais uma vez, um disco pintado a branco e negro, ansiedades e medos transformados em paisagens de contemplação. Pelo meio, pinceladas coloridas sem timidez, de quem parece querer afirmar nova esperança ou um concreto encontro com horizontes até aqui desconhecidos. Tudo pontuado por arranjos minimais mas de amplitudes generosas, para ir degustando e descobrindo - entre as assinaturas das colaborações estão nomes como Nico Muhly, bom gosto e criativa aventura assegurados, portanto

Fujamos ao engano que poderá afirmar: dúzias de músicos e convidados revelam complexidade. Apenas a que dá origem às canções que se escutam em The Crying Light. Até porque o resultado final consiste num disco de imediata apreensão, que descobrimos próximos porque é próxima também a sua relação com o princípio da criação musical, das suas dinâmicas, contrastes e paradigmas. É, por isso, e como noutros capítulos da saga Antony & The Johnsons, um disco obrigatório.

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